Geralmente associamos complicações cardíacas a maus hábitos, como alimentação inadequada e sedentarismo. Porém existem doenças que surgem ainda quando o coração está se formando, no interior do útero materno, e podem ser diagnosticadas antes mesmo do parto.
Através do ultrassom morfológico, é possível identificar distúrbios congênitos. Isso acontece a partir da 22ª semana de gestação, quando o feto já está completamente formado. Se uma alteração é revelada neste exame e se houver antecedentes de problemas cardíacos congênitos na família, é necessária uma avaliação específica: o ecocardiograma fetal.
Outro indicador de suspeitas para doenças cardíacas congênitas é a idade avançada da mãe. Acima dos 35 anos, a gestante tem mais probabilidade de gerar um bebê com distúrbios genéticos, que podem acarretar algum tipo de má-formação cardíaca.
“Em casos de questões genéticas, como a Síndrome de Down ou Turner, a chance de o bebê ter problemas no coração é muito maior”, afirma o Dr. Daniel Lages Dias, presidente da Regional Campinas da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP).
O cardiologista diz ainda que, além da herança e dos fatores genéticos, alcoolismo e doenças adquiridas pela mãe durante a gravidez podem provocar alterações no coração do feto. As medidas em caso de problemas cardíacos intra-útero são diversas: encaminhamento a pré-natal especializado, eventual uso de medicação para a mãe, parto em serviço habilitado para cirurgia cardíaca neonatal ou até, em casos raros, um tratamento intra-útero. Mas a descoberta de um problema cardíaco durante o Pré-Natal pode requerer apenas o seguimento, sem necessidade de nenhuma intervenção.
O médico informa que um distúrbio cardíaco muito frequente detectado durante a gestação é a arritmia (aceleração ou lentidão do ritmo cardíaco) que, na maioria das vezes, não requer tratamento. Arritmias mais severas são raras e, por vezes, requerem uso de medicações pela mãe.
“O mais importante em termos de prevenção é o pré-natal bem feito, realizado desde o início da gestação, com número adequado de consultas e realização dos exames rotineiros, que vão detectar os casos que necessitam de seguimento especializado antes do nascimento. Após o parto, o seguimento de puericultura, com visitas regulares ao pediatra, também propiciarão o diagnóstico precoce destas más-formações cardíacas, possibilitando o tratamento”, alerta o dr. Daniel.
Nas crianças maiores, outro problema cardíaco comum é o sopro. O pediatra percebe o distúrbio numa consulta de rotina e encaminha para o cardiologista, que, às vezes, não confirma a suspeita no ecocardiograma. “É o que chamamos de sopros funcionais. Na verdade, essa criança não tem problema cardíaco e pode ter uma vida normal. Mas sem a correta orientação, os pais muitas vezes proíbem a criança de praticar uma série de atividades”.
Sintomas e tratamento
Os pais devem estar sempre atentos a sintomas que podem indicar a presença de doenças cardíacas congênitas no bebê. A pele com coloração roxa é característica de cardiopatia cianogênica, na qual o sangue não consegue ser oxigenado adequadamente pelo pulmão. Esta situação normalmente é percebida ainda na maternidade e exige um atendimento imediato.
As cardiopatias acianogênicas, por sua vez, manifestam-se de forma mais insidiosa e podem provocar pneumonias freqüentes, cansaço às mamadas e incapacidade de ganhar peso. Os sintomas são causados por congestão pulmonar: o problema cardíaco causa um excesso de fluxo sanguíneo nos pulmões, que ficam cheios e com respiração difícil. Em ambas as situações o tratamento consistirá em uso eventual de medicamentos, com posterior encaminhamento à cirurgia ou cateterismo.
By Minha Vida