Um tema muito comum na pediatria e que gera muitas dúvidas, principalmente nas mães com primeiro filho, é o aleitamento materno.
Esse assunto gera ansiedade e o que deveria ser algo prazeroso para a mãe se torna algumas vezes motivo de estresse.
Após o parto, a mãe começa a apresentar a saída do leite nas mamas, conhecida como apojadura. Ela, porém, não acontece automaticamente, podendo demorar um tempo. Esse tempo varia de mãe para mãe e também de acordo com o tipo de parto (em partos normais ocorre em torno de 48 a 72 horas; nas cesáreas um pouco mais tarde). Mesmo demorando um pouco para descer o leite, não há necessidade de iniciar a fórmula infantil.
No início, o leite que sai das mamas é conhecido como colostro, um leite mais ralo e transparente. Pode ser que surjam apenas gotas, mas mesmo nessas pequenas quantidades esse leite já é suficiente para o bebê, pois é extremamente nutritivo.
Para que o leite desça com mais facilidade, algumas ações podem ser tomadas. A mãe deve ficar junto do bebê em alojamento conjunto, para que ele possa mamar sempre que puder. O local de amamentação deve ser um lugar tranquilo, onde a mãe e o bebê possam estar em paz, para desenvolverem o laço materno e terem tranquilidade na amamentação. De preferência, o bebê deve estar com roupa leve ou até mesmo apenas de fralda, para que tenha o contato pele a pele com a mãe. O posicionamento e a pega devem ser os mais corretos possível. E a mãe deve manter um copo e uma garrafa de água sempre ao lado, pois amamentar lhe dará sede.
Os benefícios do aleitamento materno são muitos. Ele reduz em 13% a mortalidade por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos. O leite materno é de mais fácil digestão do que qualquer outro leite e funciona como uma “vacina”, pois é rico em anticorpos, protegendo a criança de muitas doenças, como diarreia, infecções respiratórias, hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. Além disso, sugar o peito é um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança, ajuda a ter dentes bonitos, a desenvolver a fala, desenvolver o cognitivo e a ter uma boa respiração
E não é só a saúde do bebê que se beneficia, mas também a da mãe. Amamentar no peito gasta calorias maternas, reduzindo mais rápido o peso, ajuda o útero a recuperar sua forma e reduz o risco de desenvolver câncer de mamas e de ovário. Além disso, tem o aspecto financeiro, já que amamentar não custa nada.
Segundo recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), o aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses do bebê e se manter até, no mínimo, dois anos de idade. Em algumas regiões onde a temperatura é muito elevada, pode ser ofertada uma pequena quantidade de água filtrada nos dias mais quentes durante o aleitamento exclusivo.
Quanto mais tempo o bebê mamar no peito, melhor para ele e para a mãe. Após os seis meses, a alimentação deve ser complementada com outros alimentos e iniciada a transição do aleitamento exclusivo até a dieta da família.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre as principais dificuldades para a amamentação exclusiva, atualmente, estão o posicionamento incorreto, insegurança quanto à quantidade de leite produzido, introdução de chupetas e mamadeiras, falta de apoio da família e retorno ao trabalho.
Vamos discutir um pouco mais sobre essas questões.
1 – O posicionamento do bebê deve ser o mais confortável possível para ele e para a mãe. Ele deve ficar barriga com barriga com a mãe e sentir o contato pele a pele. Seu rosto deve ficar voltado para o mamilo e a boca deve encobrir a maior parte da aréola (a parte escura ao redor do mamilo). Seus lábios devem estar virados para fora (evertidos), o queixo tocar o seio e não pode haver obstrução do nariz. Essa é a posição mais básica e fácil. É nesse momento que mãe e filho(a) desenvolvem o laço materno através da pele, do cheiro e do olhar.
2 – Esqueça o mito de “leite fraco”. A quantidade de leite produzido varia de acordo com o momento da amamentação. Logo após o parto, a produção é baixa, podendo demorar algumas horas ou dias para descer completamente. Isso não significa que o leito seja “fraco” ou insuficiente. O bebê se beneficia muito do colostro, pois é esse primeiro leite que irá preparar e colonizar o intestino dele para receber o leite materno. Esqueça o relógio nessa hora. O bebê deve mamar até esvaziar o peito. Então muda-se de mama e continua a amamentação. Na próxima mamada, comece pelo peito que terminou a ultima mamada, para que o bebê aproveite todo o leite daquele peito. E no início as frequências das mamadas são muitas (de 8 a 12 vezes em 24 horas). O que não significa que o leite seja ruim, apenas que o intestino do bebê está funcionando perfeitamente.
3 – Chupetas e mamadeiras nessa fase nem pensar! Elas prejudicam a amamentação e farão o bebê deixar o peito mais rápido. Além de prejudicarem o desenvolvimento dos dentes e da musculatura facial.
4 – A ajuda do pai na amamentação é indispensável. Devido a isso, pelo novo Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016), os pais podem prorrogar de cinco para 20 dias o período de licença paternidade. Para tal, os pais podem entregar os seguintes comprovantes: declaração do profissional de saúde informando a participação do pai no pré-natal, em atividades educativas durante a gestação ou visita à maternidade. Para a mãe, a licença pode chegar até 180 dias (seis meses) dependendo do seu contrato de trabalho.
O aleitamento materno é um tema muito importante. Qualquer dúvida que a mãe tenha, deve levar em consulta com o pediatra do bebê para esclarecimento.
Um ato tão bonito e nobre deve ser estimulado e protegido por todos.